Um dos objetivos do trabalho de um professor de Educação Física é utilizar estratégias que levem as pessoas a praticar exercícios com prazer. Isso garante maior assiduidade do aluno. Pensando nisso, achei interessante destacar uma estratégia para movimentar-se mais e que nem sempre recebe a devida atenção. Encontrei poucos estudos sobre o tema, apesar de ser uma forma milenar de expressão corporal . Seus movimentos são tão belos e vale a pena incluí-la em nosso “cardápio” de exercícios: a dança.
Mais do que a plasticidade dos passos, dançar desafia nossa coordenação motora, agilidade, equilíbrio, força e flexibilidade. Não há como negar que alguns ritmos e passos são mais exigentes que outros. No final das contas, penso que o importante é explorar também a dança como mais um complemento para compor uma rotina regular de atividade física.
Assim como um corredor não pode se preparar para a São Silvestre com aulas de dança, muitos esportistas tendem a dedicar-se com uma exclusividade perigosa à sua modalidade. Tudo por um ganho em performance que, muitas vezes, nem é tão expressivo. Por outro lado, praticar uma única atividade física priva o corpo de outros movimentos que certamente farão falta ao chegar na terceira idade. Aliás, boa parte dos estudos que encontrei sobre o assunto apontam a dança como ótima alternativa para os mais idosos.
A dança é mesmo uma forma de terapia
Os benefícios da dança como uma atividade física são bem conhecidos: flexibilidade, melhora do condicionamento aeróbico, aprimoramento da coordenação motora e perda de peso, entre tantos outros. Mas pouco se fala da dança como uma terapia para a alma. Basta observar com um pouco mais de atenção para perceber que os resultados vão muito além do bem-estar físico. Socialização, combate à depressão e à timidez, alegria, auto-estima elevada e disposição para encarar as dificuldades do dia-a-dia são apenas algumas das transformações que se nota em quem se arrisca a adentrar o mágico mundo da dança. Mais do que técnica, é preciso sentimento – e isso o ser humano tem de sobra. Ao ensaiar os primeiros passos, a pessoa se desprende dos medos e preconceitos e vê seu estilo de vida ser transformado pouco a pouco.
“A dança é mesmo uma forma de terapia. E qualquer pessoa pode dançar, não existem restrições, nem mesmo de idade. Os passos podem – e devem – ser adaptações às limitações físicas de cada um, mas não existe impedimento. Basta saber ouvir a música e dançar para você, sempre com muita emoção, e sem se preocupar com os outros”, comenta Ivan Carlos Marcondes, professor de dança da Cia. Jundiaiense de Dança de Salão. Mas quem pensa que a dança é privilégio apenas dos mais jovens se engana – e muito. Essa é uma das atividades mais democráticas e que possibilita a participação de qualquer pessoa. Basta apenas se sentir disposto a começar.
“Algumas pessoas dançaram a vida inteira, outras só descobriram esse prazer depois da aposentadoria ou após encaminhar os filhos na vida. E depois que eles começam, não querem mais parar”, comenta Marlene Liveraro Bodelaci, coordenadora do Clube da Terceira Idade (mantido pela Secretaria Municipal de Integração Social – Semis). Bailes, aulas de dança ou mesmo de coreografia. Representantes da Melhor Idade comparecem com um único compromisso: se divertir. Basta observar durante poucos minutos e já é possível perceber a alegria de cada um ao estar ali, dançando. O professor da Cia Jundiaiense de Dança explica que a dança de salão é indicada muitas vezes para quem faz terapia de casal. “Isso porque eles se tornam mais próximos e acabam resgatando toda a cumplicidade do início do relacionamento. A vida a dois com certeza melhora muito, inclusive ao ampliar a roda de amigos”, esclarece Marcondes. www.jornaldacidade.com.br