Chance de jovem ingerir álcool aumenta três vezes se as companhias também bebem, diz pesquisa
Um estudo conduzido pela Universidade de Iowa
(EUA) indica que os amigos próximos são a principal influência dos
adolescentes para começar a ingerir bebida alcoolica.
Os resultados foram publicados em janeiro na revista Pediatrics. A
pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA,
pelo Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo e pelo Instituto
Nacional sobre Abuso de Drogas do país.
Os cientistas analisaram
dados extraídos de um grupo de 820 adolescentes de seis locais dos
Estados Unidos. Os participantes tinham entre 14 e 17 anos, uma média de
15,5 anos que é quase idêntica à idade típica em que ocorre o primeiro
contato com a bebida alcoólica, segundo levantamentos anteriores. Com
base em pesquisas prévias, a equipe estabeleceu quatro indicadores
principais que levam os adolescentes a beber: comportamento perturbador,
histórico familiar de dependência de álcool, baixa sociabilidade e
companhia de amigos que bebem.
Ao cruzar as variáveis com a
incidência de adolescentes que começaram a beber nessa fase, os autores
descobriram que ter um melhor amigo que bebe ou tem acesso a bebidas
alcoólicas aumenta em até três vezes as chances de um jovem começar a
beber. Entre os adolescentes que relataram ter consumido bebidas, quase
quatro em dez disseram que seus melhores amigos também bebiam.
Os
pesquisadores também notaram que mais de oito em cada dez entrevistados
vieram do que eles consideram “famílias de alto risco” (nas quais os
pais ou parentes próximos bebem com frequência), embora mais da metade
deles não tivesse pais dependentes. No entanto, eles notaram que mesmo
essas crianças não receberam o primeiro copo de um membro da família, e
sim dos amigos.
De acordo com os cientistas, o estudo reforça a
constatação de que os jovens que começam a beber antes de completar 15
anos são mais susceptíveis a abusar do álcool ou tornarem-se dependentes
depois.
Reconheça os estágios da ingestão de álcool no seu corpoMesmo
que a quantidade de bebida necessária para a embriaguez varie de pessoa
para pessoa, os perigos do consumo de álcool são iguais para todos. O
psiquiatra Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina do ABC,
explica que os danos fisiológicos causados por uma intoxicação aguda
pelo álcool são reversíveis, mas a lentidão e a perda de consciência
podem causar graves acidentes, esses sim com complicações permanentes – e
quanto mais cedo a pessoa inicia esse ciclo, mais rápido as
complicações aparecem. Quer entender como um dia porre afeta o
funcionamento do seu organismo? Os especialistas nos contaram como isso
acontece:
Estágio 1: enquanto você ainda está sóbrio
A psicobióloga Maria Lúcia Formigoni, chefe do
departamento de Psicobiologia da Unifesp, explica que as moléculas de
álcool são pequenas e solúveis. Isso significa que elas chegam muito
rapidamente a todos os nossos tecidos, principalmente ao fígado, órgão
responsável por 90% da metabolização do álcool, que é então transformado
em acetaldeído. Essa substância é a responsável pelos efeitos danosos
associados ao consumo de álcool. E, mesmo enquanto você está sóbrio, ela
já está se acumulando no seu organismo e deteriorando sua saúde. “Os
sintomas da ressaca, como as dores de cabeça, a pressão arterial elevada
e a taquicardia, são causados pelo excesso dessa substância no
organismo”, explica a especialista.
Estágio 2: Euforia
À medida que você continua a beber, a quantidade
de acetaldeído presente no seu corpo continua a se acumular. Em
consequência, a dopamina – um neurotransmissor relacionado à sensação de
bem-estar – atinge níveis cada vez mais altos. “A dopamina age na via
cerebral da recompensa e promove a sensação de euforia, felicidade,
característica do consumo excessivo do álcool”, explica Maria Lúcia
Formigoni. No entanto, a especialista explica que essa sensação é
relativa e que nem todas as pessoas experimentam as mesmas sensações.
Estágio 3: Instabilidade emocional e depressão do Sistema Nervoso Central
Se você continuar bebendo, a sensação de euforia
logo dará lugar a outra emoção. “Começa a ser sentido o efeito de outro
neurotransmissor, responsável por estimular o sistema GABA (ácido
gama-aminobutírico), principal inibitório do Sistema Nervoso Central”,
explica Maria Lúcia. Ocorre então uma competição entre a dopamina e o
sistema Gama, que acaba ganhando a disputa e deprimindo as atividades
cerebrais. Em consequência, a ansiedade é diminuída e a sensação de sono
aumenta.
O grande problema está na desestabilização do sistema cerebral.
“O funcionamento cerebral anormal resultará em alterações do
comportamento, afinal, o controle do sistema racional não está
eficiente”, conta a psicobióloga.
Estágio 4: Prejuízo do julgamento e da crítica
A perda da racionalidade acaba por comprometer a
capacidade de julgamento. “O tempo de resposta aos estímulos físicos,
visuais e auditivos aumenta muito, todos os reflexos e pensamentos estão
alterados”, conta Maria Lúcia. Além de aumentar o risco para acidentes,
um dos maiores perigos decorrentes do consumo abusivo de bebidas
alcoólicas, o indivíduo também se coloca em risco ao fazer escolhas que
não faria se estivesse sóbrio. Incluem-se nessa lista: colocar-se em
situações vexatórias, correr riscos e consumir bebidas alheias e até
mesmo drogas ilícitas.
Estágio 5: Sonolência e adormecimento
O psiquiatra Arthur Guerra explica que se um
familiar, amigo ou conhecido bebeu demais e acabou pegando no sono, o
ideal é mesmo deixá-lo descansar, sempre sob observação. Nesse momento,
um cuidado é essencial: certifique-se de que a pessoa intoxicada durma
de lado, evitando a aspiração do próprio vômito, que pode ir até as vias
aéreas, dificultando ou impedindo a respiração. O especialista conta
que levar a pessoa embriagada ao hospital ou pronto-atendimento é a
melhor opção caso o cuidador fique inseguro, mas que a glicose,
frequentemente administrada nesses casos, só ajuda a resolver o problema
quando há uma hipoglicemia associada. “A glicose não ajudará a diminuir
a intoxicação por álcool, o único remédio nesse caso, é repouso e
hidratação do corpo – seja com água, água de coco, refrigerantes ou até
café”.
Estágio 6: Inércia generalizada
Nesse estágio, o indivíduo já não consegue
atender aos comandos e as respostas aos estímulos externos estão
comprometidas. Andar é praticamente impossível e pode haver até
incontinência urinária e fecal. Os riscos de coma alcoólico são altos
nessa fase. “O ideal é procurar ajuda profissional em um hospital, já
que a saúde está correndo perigo e ser mantido sob observação é muito
importante”, recomenda Arthur Guerra.
Estágio 7: Coma alcoólico
O coma alcoólico acontece em resposta à depressão
do Sistema Nervoso Central, que é cada vez maior à medida que se
consome a bebida alcoólica. “O cérebro – responsável por mandar
estímulos às estruturas responsáveis pela respiração, como pulmão e
diafragma, principalmente -, deprimido pela bebida alcoólica, pode
deixar de enviar esses impulsos, levando à parada respiratória”, explica
o psiquiatra Arthur Guerra. Os danos desse extremismo, em alguns casos,
podem ser irreversíveis, levando a pessoa à morte.Fonte portal minha vida.