As perdas nas lavouras do Nordeste causadas pela maior seca dos
últimos 50 anos, As perdas nas lavouras do Nordeste provocadas pela
maior seca dos últimos 50 anos, que atinge quase 1,5 mil municípios e
mais de dez milhões em pessoas, chegam a R$ 3,6 bilhões levando em conta
dez principais culturas cultivadas na Região. O saldo de empregos
atingiu o menor nível nos últimos dez anos e o pior: a estiagem deverá
se estender até o segundo semestre, podendo chegar até fevereiro de
2014.
De acordo com o economista-chefe do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), Aldemir Freire, se for contabilizado o número de
cabeças de gado perdidas pela estiagem, o prejuízo chega a R$ 6,8
bilhões. A estimativa é que o rebanho sofra uma redução de 16,3%, de
29,6 milhões de cabeças em 2011, segundo Pedro Gama, da Embrapa
Semiárido.
O rombo de R$ 3,6 bilhões refere-se às culturas de feijão, arroz,
castanha de cajú, milho, algodão, banana, cana de açúcar, mandioca, soja
e café. De acordo com levantamento do IBGE, a pedido do jornal Folha de
S. Paulo e publicado neste domingo (5), as maiores perdas ocorreram nas
plantações de milho comparando 2012 com 2011 (R$ 961 milhões) e milho
(R$ 532 milhões). O prejuízo equivale, por exemplo, a quase metade do
valor da transposição do rio São Francisco, orçada em R$ 8,2 bilhões.
“Mesmo
se pegarmos os preços de 2012 (quando a inflação acelerou com as perdas
de safra), teríamos prejuízo superior a R$ 2 bilhões”, declarou Aldemir
Freire. O Ceará, por exemplo, é um dos estados que mais sofrem os
efeitos da seca. Naquele estado, 96% dos municípios estão em situação de
emergência. A produção agrícola declinou 1,9 milhões de toneladas para
230 mil toneladas. Somente 30% das áreas que possibilitam plantios
contam com o cultivo de algum alimento.
Ao Pernambuco 247, o
Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool (Sindaçúcar-PE) informou
que, no caso da cana de açúcar, por exemplo, foram produzidas 13.149.783
na safra 2012/2013 (setembro/março), uma queda de 24,5% em relação à
safra 2011/2012, quando foram produzidas 17.515.890 toneladas. Em
consequência, a produção de etanol também foi afetada, ao passar de
357.606 metros cúbicos (m³) para 265.219 m³.
Quanto à criação de empregos na agropecuária, o levantamento do IBGE
apontou que em 2011 foram gerados 13 mil postos de trabalho com carteira
assinada no setor, enquanto que no ano passado houve um déficit de 18
mil vagas, um recorde nesta década. Além disso, 244.825 trabalhadores
estavam ligados ao setor em 2012, porém em março deste ano foram
computados 223.640 postos de trabalho associados ao setor agropecuário.
“A mecanização nas lavouras e outros fatores eliminam postos de
trabalho, mas a seca é a grande responsável pelas demissões”, declarou o
diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura,
Antoninho Rovaris, à Folha de S. Paulo.