Cota: Enem já tem mais negros que o Censo em 21 Estados do país

Em 21 Estados, além do Distrito Federal, a proporção de candidatos
pretos, pardos e indígenas (PPI) no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) já supera à registrada no Censo 2010 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). O principal motivo é a Lei de Cotas nas
federais, que fazem a seleção de universitários por meio da prova.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, a proporção de inscritos como PPI é
de 18,9% – enquanto no Censo esse índice é de 16,45% -, a maior
diferença. Apesar de a reserva de vagas já ter valido para quem
ingressou neste ano, as inscrições haviam sido encerradas no ano
passado, quando as regras foram sancionadas. Segundo a legislação, o
porcentual de PPI de cada Estado deve ser atendido entre os cotistas de
escola pública.

Neste ano, as federais devem garantir a matrícula de 25% dos novos
alunos, por curso, oriundos da rede pública. Em 2016, a participação
deverá ser de no mínimo 50%. Enquanto o total de inscritos subiu 24%
entre 2012 e 2013, a alta de cotistas foi de 29%. A proporção de PPI no
Enem chegou a 56%, maior também do que o Censo registra na população
brasileira: 51%.

A maior proporção de PPI entre os inscritos foi em Sergipe, com
80,58%. O censo registra que 71% da população do Estado é PPI. Tanto o
IBGE quanto o Enem usam o critério de autodeclaração – preto, pardo,
indígena e branco. Os negros são a soma de pretos e pardos.

Apenas Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Amazonas e Maranhão
registram proporção de PPI inferior à do Censo. Os dois últimos estão
entre as quatro maiores proporções de PPI, com 77,87% e 77%,
respectivamente.

Tendência crescente. Além da Lei de Cotas nas federais, a expansão do
Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas parciais e
integrais em instituições particulares de ensino superior, ajuda a
explicar os números. “Os dados revelam que as políticas de inclusão
estão no caminho certo”, avalia o coordenador do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio.
Segundo ele, novas chances de acesso têm encorajado mais candidatos.

Para o presidente do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos,
Jorge Werthein, a tendência de aumento de PPI, registrada desde 2010,
deverá manter-se. “Mas ainda são necessários mais mecanismos de
permanência desse grupo nas universidades.”

Mil ainda estão sem cartão de ingresso. Pouco mais de mil estudantes
que se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio não foram
encontrados pelo Ministério da Educação e não receberam seu cartão de
ingresso. A avaliação exige que os estudantes apresentem o cartão e um
documento com foto para entrar nos locais de prova. Ontem, o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, informou que os mais de 7 milhões de
cadernos de provas já estão impressos e estão sob a proteção da Polícia
Federal nos Estados onde serão aplicados.
Fotos internet, fonte MSN.

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